Saúde
Terapias focais: vantagens e incertezas
Há uma terapia relativamente recente, chamada focal, que se destina ao tratamento de cânceres da próstata menos agressivos. A preocupação de muitos médicos e epidemiólogos também é com o que chamam de overtreatment, sobre-tratamento excessivo, além da conta. A polêmica cresceu desde a generalização do uso do PSA na detecção dos cânceres. Possibilitou um aumento no número dos diagnosticados, sobretudo nos diagnosticados cedo. Não obstante, segundo alguns, dentro do benefício maior do diagnóstico precoce existe esse problema, o de tratar alguns cânceres além da conta. E os tratamentos têm pesados efeitos colaterais.
O que fazer com cânceres com pequeno volume, células bem diferenciadas (as indiferenciadas são as brabas), pouco perigosos que não ameaçam nem a longevidade, nem a qualidade da vida. Dados confiáveis mostram que o simples acompanhamento provoca algumas mortes. Como impedir essas "poucas" mortes sem sacrificar muitos mais que receberam tratamentos desnecessariamente pesados?
Esse é o objetivo da terapia focal, que junta o acompanhamento e o tratamento da glândula inteira. Pretende eliminar os focos cancerosos que ofereçam algum perigo e, ao mesmo tempo, reduzir os danos das demais terapias convencionais (prostatectomia, radiação, tratamento hormonal etc.).
Tem claras vantagens, mas tem desvantagens também. A divisão dos cânceres em níveis (de menos a mais perigosos) fica comprometida, o que dificulta comparações e o uso de experiências de outros pacientes para orientar os que seguem essa terapia; a margem de incerteza é maior, e a dificuldade em comparar a qualidade da vida dos pacientes com a dos que optaram por terapias mais invasivas.
Uma avaliação da bibliografia sobre as terapias focais fez uma varredura do que foi publicado entre 1995 e 2009 revela um quadro promissor, mas até que guidelines, orientações padronizadas possam ser elaboradas, é necessário realizar experimentos com grupos controle de vários tipos.
Fonte: European Urology
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