Vegetais crucíferos: além de um rico alimento, pode ser um aliado na prevenção do câncer?
Saúde

Vegetais crucíferos: além de um rico alimento, pode ser um aliado na prevenção do câncer?


         Alimentos funcionais são todos os alimentos ou bebidas que, consumidos na alimentação cotidiana, podem trazer benefícios fisiológicos específicos, graças à presença de ingredientes fisiologicamente saudáveis (CÂNDIDO & CAMPOS, 2005).
          A partir disso, podemos conhecer melhor a família Brassicaceae (Cruciferae) que apresenta várias espécies economicamente importantes para o uso como hortaliças, forragens, óleo, bem como plantas ornamentais e medicinais (GRIFFITHS et al., 1998). É composta por várias espécies, com destaque para o repolho (Brassica oleracea var. italica), a couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) , o brócolis (Brassica oleracea var. capitata) e a couve ( Brassica oleracea var. acephala). O consumo de vegetais crucíferos, particularmente o brócolis, tem sido associado com a redução do risco de câncer de mama em mulheres na pré-menopausa (AMBROSONE ET al., 2004), devendo ser consumidos diariamente e pesquisas recentes reforçam a tese de que o consumo de brássicas pode ajudar na prevenção e tratamento de doenças degenerativas. Um estudo com 48 mil homens mostrou que o câncer de bexiga era menor no grupo que consumia mais brócolis, couve-flor e repolho. O consumo de três porções diárias de vegetais como brócolis e repolho pode reduzir, até pela metade, o risco de câncer de próstata, revelou um estudo do Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, nos Estados Unidos. Teremos então, um aliado contra essa enfermidade?


          Estas hortaliças possuem alto valor nutricional, sendo boa fonte de vitaminas B, C e K, fibras e ricas em sais minerais (cálcio e fósforo), encontrados nas inflorescências e folhas dessas hortaliças, essenciais para a formação dos ossos e dentes. Diante da importância nutricional atribuída à família das brássicas, o consumo dessas hortaliças poderia ser realizado de forma a fazer parte da dieta como alimento comum, produzindo benefícios à saúde, reduzindo assim o risco de diversas doenças e promovendo a manutenção do bem-estar físico e mental.
          A couve-flor é uma hortaliça com características nutracêuticas e contém elevados teores de vitamina A, beta-caroteno, cálcio, fósforo, proteínas e vitamina C, compreendendo 93% de água, sais minerais e vitaminas importantes para o organismo humano. Essa hortaliça é considerada boa fonte de potássio e possui poucas calorias e muita fibra, o que atende aos anseios de uma parcela significativa da população preocupada com a saúde.
          O brócolis é uma hortaliça de importante valor econômico, bem como fonte de vitamina C importante para o sistema imunológico e absorção do ferro; vitamina A, essencial para visão e reprodução; fibras, necessárias para o bom funcionamento do intestino; cálcio, que participa da mineralização de ossos e dentes, além da regulação da pressão sanguínea; e ácido fólico, importante para a replicação celular e bom funcionamento do sistema nervoso e imunológico. Os carotenóides presentes em grandes quantidades no brócolis são o betacaroteno, luteína e zeaxantine. Estes são poderosos antioxidantes que podem ajudar a prevenir certas doenças relacionadas com o envelhecimento. Estes antioxidantes neutralizam os radicais livres, que causam danos às células saudáveis. Adicionalmente, algumas pesquisas já evidenciaram que o consumo desta hortaliça pode combater vários tipos de câncer, além de minimizar os riscos de catarata, reduzir o colesterol sérico e prevenir doenças cardiovasculares. Por apresentar os compostos bioativos já descritos anteriormente, os nutrientes contidos no brócolis pode evitar a formação ou ainda frear o desenvolvimento de vários tipos de câncer, pois é rico em substâncias com propriedades anticarcinogênicas como o glicosinolato e iso¬tiocianatos que estimulam a produção de enzimas que combatem a sua formação.
          A couve é uma planta que apresenta grande diversidade, tendo descrito que o tipo manteiga é um dos 22 tipos encontrados no Brasil. O aporte calórico reduzido da couve, seu baixo teor de glucídios e seu bom efeito de saciedade lhes dão um lugar especial nos regimes de emagrecimento e na alimentação do diabético. O boro, além de ser nutriente dessas plantas, é essencial para o homem e atua no metabolismo de nutrientes e de substratos energéticos, no funcionamento do cérebro e na performance psicomotora e cognitiva. 

LEGISLAÇÃO 

       Em termos legislativos, alimento funcional é definido pela Secretaria de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, como sendo "aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutritivas básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica" - RDC n°18 de 1999.
           No caso de produção de hortaliças in natura existem vários órgãos públicos que cumprem a função de fiscalizar a qualidade sanitá¬ria dos alimentos comercializados no território nacional e algumas entidades de defesa do consumidor que também desempenham papel fiscalizador sobre a qualidade dos alimentos.   
         Na Consulta Pública nº 43, de 2 de junho de 2005 é estabelecido a necessidade de estabelecer limites Máximos de Resíduos dos agrotóxicos nos alimentos in natura, expostos ao consumo separando Brássicas folhosas, de brássicas com inflorescências baseados na Referência do CODEX ALIMENTARIUS – GRUPO 4.
          Existe um manual de Boas Práticas Agrícolas que consistem num conjunto de recomendações de caráter geral que permitem uniformizar a adoção de procedimentos que assegurem a qualidade das horta¬liças produzidas nos diferentes sistemas de produção empregados no País. As boas práticas objetivam a identidade, qualidade, produtividade, disponibilidade do produto e o controle da contaminação. 

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS 

       Alimentos sulfurados e nitrogenados: são substancias orgânicas usadas na proteção contra a carcinogênese e mutagênese, sendo ativadores de enzimas na desintoxicação do fígado. Os glicosinolatos (ß-tioglicosídio-N-hidroxissulfatos) são pre-cursores dos isotiocianatos, e ocorrem em 16 famílias de espécies vegetais e uma grande parte das espécies que sintetizam estas substâncias pertence aos gêneros Brassicaceae.
           Os glicosinolatos são convertidos nas plantas em isotiocianatos por ação da enzima mirosinase que inicia sua atividade quando o tecido vegetal sofre algum tipo de injúria ou sob ação de fungos ou, ainda, pela mastigação de insetos ou, então, pela própria mastigação das plantas frescas. ( Bones, A. M.; Rossiter, B.; Physiol. Plant. 1996, 97, 194).
           Existe, no entanto, uma dicotomia no que tange os efeitos de glicosinolatos e isotiocianatos na dieta diária. Vários estudos regis¬tram a ocorrência de glicosinolatos em vegetais que constituem uma parcela importante da dieta da população. Muitas evidências mostram que o aumento do consumo de frutas e vegetais reduz a incidência de câncer, em alguns casos, na ordem de 50%.( Talalay, P.; Proceedings of the American Philosophical Society 1999, 143, 52). As propriedades químio-protetoras dos vegetais são atribuídas à ocorrência em baixas concentrações de certas substâncias como os glicosinolatos. Alguns destes induzem os mecanismos químicos de defesa contra agentes cancerígenos aumentando a resistência celular. Os glicosinolatos formam tiocianatos, isotiocianatos e nitrilas. Os isotiocianatos atuam tanto com os indutores das enzimas da Fase 2 do mecanismo de desintoxicação celular mas também com o papel inibitório das enzimas da Fase 1, acentuando o desempenho celular no processo de defesa de desintoxicação química.

DISCUSSÃO 

          No que tange à segurança alimentar e o uso de propriedades funcionais dos alimentos, torna-se muito importante conhecer-se a qualidade do alimento que se está ingerindo e os seus efeitos na saúde humana após a ingesta.
          O brócolis (brássica), importante fonte de glicosinolato e iso¬tiocianatos, possui substâncias que são capazes de ativar a fase 2 de desintoxicação celular e de proteger contra o câncer. De forma bem conclusiva, a atividade anti-carcinogênica dos isotiocianatos (ITCs) já foi comprovada e depende, em grande parte, do seu acúmulo no interior das células. Os isotiocianatos estimulam os mecanismos químio-protetores, mas, dependendo da sua concen¬tração, podem também induzir o estresse celular. As doses de ITCs abaixo de certo nível acentuam o mecanismo de defesa. Por outro lado, as concentrações de ITCs, acima de um limite, favorecem o estresse celular e seus efeitos tóxicos( Zhang, Y.; Yao, S.; Li, J.; Proc. Nutr. Soc. 2006, 65, 68). O consumo de ITCs, disponíveis ao ser humano através da die¬ta, mostra uma relação inversa ao risco de câncer. Estes resultados sugerem seu uso como um tratamento preventivo de câncer ou como agente terapêutico.
          A procura por uma alimentação mais saudável e nutritiva tem levado a incrementos no consumo de hortaliças no país, estimulando o setor produtivo e aumentando a exigência quanto à qualidade dos produtos e processos empregados na condução dos campos de produção. No caso das brássicas, como repolho, brócolis e couve, isso não é diferente, notadamente em razão de sua importância como alimentos funcionais. 

BIBLIOGRAFIA 



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