Mais sabor e mais peso! Conheça os riscos de obesidade associados à ingestão de glutamato monossódico
Saúde

Mais sabor e mais peso! Conheça os riscos de obesidade associados à ingestão de glutamato monossódico



           O glutamato monossódico (GMS) é um dos aditivos alimentares mais usados em todo o mundo. Seu uso mais popular está entre os países asiáticos, mas ele também é muito consumido nos Estados Unidos e também no Brasil, através de alimentos processados, como salgadinhos, sopas enlatadas, macarrões instantâneos, e outros diversos alimentos.
          O GMS está classificado como um aditivo seguro pelo FDA/EUA (FDA, 2006) e com IDA (Ingestão Diária Aceitável) não estabelecida pelo JECFA (FAO/WHO, 1988). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) se baseia nos estudos realizados pelo JECFA e FDA e não estabelece restrições para a utilização do GMS pela indústria de alimentos, por considerá-lo seguro. Porém diversos estudos têm mostrado a correlação do consumo de GMS a síndrome metabólica e diversas patologias, como resistência a insulina e Mal de Alzheimer. 


                               Por Thamyres Coração e José Xavier



       O GMS é um aminoácido não essencial encontrado em alimentos com grande quantidade de proteína, como carnes, peixes queijos e vegetais. Seu gosto, quando detectado pelas papilas gustativas, sinaliza a presença de proteína na dieta. O GMS é adicionado artificialmente aos alimentos que atua salientando o seu gosto(age abrindo as papilas gustativas) e, consequentemente pode elevar o consumo alimentar [1,2]. Evidências eletrofisiológicas e comportamentais desde 1980 defendem que o GMS representa o quinto gosto básico, ou seja, não é doce, azedo, salgado ou amargo, nem qualquer combinação desses gostos [3].





      Segundo o FDA (Food and Drug Administration, 2006) o GMS está classificado como um aditivo seguro [4]. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) não estabelece restrições para a utilização do GMS pela indústria de alimentos, por considerá-lo seguro. De acordo com a RDC 01 de 02 de Janeiro de 2001, é necessário aprovar o uso de aditivos como realçadores de sabor, de forma a estabelecer os seus limites máximos. Contudo, no anexo que estabelece a quantificação dos limites, todos os sais de glutamato assim como o ácido glutâmico possuem o valor de referência classificado como “quantum satis” (quantidade satisfatória). Esse brecha na legislação permite que a indústria alimentícia utilize o aditivo de forma indiscriminada [5].

     A teoria da obesidade relacionada ao GMS surge do conhecimento do grande aumento de seu consumo mundial nos últimos tempos, da adição indiscriminada em alimentos industrializados e do aumento progressivo da obesidade em todo o mundo [6,7]. Pesquisadores de todo o mundo têm empenhado suas pesquisas visando o entendimento da fisiopatologia da obesidade. Uma das teorias da obesidade está relacionada ao consumo de GMS. Sabe-se, através de estudos experimentais em ratos, que o GMS administrado via subcutânea em neonatos leva à lesão de núcleos hipotalâmicos [8,9]. Quando o GMS é administrado por via oral em ratas prenhas, pode também causar alterações no hipotálamo da prole, gerando alterações como diminuição do hormônio do crescimento (GH) e obesidade, entre outras.

   Aqui no Brasil, pesquisadores da Unifesp constataram que pessoas que ingerem maior quantidade de GMS estão mais propensas ao excesso de peso e à obesidade. Estudos realizados com ratos em laboratórios mostraram que administração de glutamato monossódico acarretava na obesidade dos animais. O estudo também demonstrou que o GMS, administrado em ratos neonatos produziu aumento do conteúdo de gordura viceral, situação esta que cursa com resistência à insulina e hiperinsulinemia, além de hiperlipidemia [10].

   Portanto, há evidências científicas de que o consumo de GMS contribui para o ganho de peso e aumento de problemas associados [11]. Estudos com humanos já estão em andamento e comprovando as evidências dessa relação. Além disso, estudos epidemiológicos mostram a estrita relação entre a obesidade e o consumo de GMS em humanos [12].


Referências bibliográficas

[1] Taylor-Burds CC, Westburg AM, Wifall TC, Dealy ER. Behavioral comparisons of the tastes of L-alanine and monosodium glutamate in rats. Chem Senses 2004; 29 (9):807-804.

[2] Diniz YS, Faine LA, Galhardi CM et al. Monosodium glutamate in standard and high-fiber diets: metabolic syndrome and oxidative stress in rats. Nutrition 2005;21(6)749-755.

[3] Beyreuther K, Biesalski HK, Fernstrom JD et al. Consensus meeting: monosodium glutamate – an update. Eur J Clin Nutr 2007; 61 (3):304-313.

[4]Food and Drug Administration de 2006. FDA – United States of America.

[5] Resolução da Diretoria Colegiada nº01 de 02 de Janeiro de 2001. ANVISA – Brasil.

[6] Baskin ML, Ard J, Franklin F, Allison DB. Prevalence of obesity in the United States. Obesity Reviews 2005; 6(1):5-7.

[7]Milewicz A, Jedrzejuk D, Lwow F et al. Prevalence of obesity in Poland. Obesity Reviews 2005; 6(2):113-114.

[8]Dolnikoff M, Martin-Hidalgo A, Machado UF, Lima FB, Herrera E. Decreased lipolysis and enhanced glycerol and glucose utilization by adipose tissue prior to development of obesity in monosodium glutamate (MSG) treated-rats. Int J Obes Relat Metab Disord 2001; 25(3):426-433.

[9] Bunyan J, Murrell EA, Shah PP. The induction of obesity in rodents by means of monosodium glutamate. Br J Nutr 1976; 35(1):25-39.

[10] Voltera Alina F., et al. Efeito da indução de obesidade neuroendócrina sobre a hemodinâmica sistêmica e a função ventricular esquerda em ratos normotensos. Arq Bras Endrocrinol Metab 2008;52/1.

[11] Savcheniuk, O. A., et al. The efficacy of probiotics for monosodium glutamate-induced obesity: dietology concerns and opportunities for prevention. The EPMA Journal. 2014 Jan 13;5(1):2

[12] Bursey, R. G., et al. A lack of epidemiologic evidence to link consumption of monosodium L-glutamate and obesity in China. The American Journal of Clinical Nutrition. 2011 Sep;94(3):958-60



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