As mortes por câncer foram reduzidas em 20% desde seu pico, em 1991. Isso, nos Estados Unidos. As taxas e percentagens, às vezes, não permitem que o leitor não familiarizado com estatísticas vejam o significado humano do número. Essa redução evitou a morte de um milhão e duzentas mil pessoas. Tomando o último ano para o qual há dados, 2009, podemos concluir que mais de cento e cinquenta mil vidas foram salvas em apenas um ano pelo progresso no tratamento, na prevenção e na inclusão de camadas e grupos antes excluídos do tratamento médico.
Os quatro tipos de câncer que mais matam, pulmão, colo retal, mama e próstata baixaram suas taxas em mais de 30%, sendo que o da próstata desceu mais de 40%. É interessante notar que UMA simples mudança no estilo de vida responde pela maior fatia salvadora de vidas: a redução no número de fumantes e, também, dos fumantes secundários.
A mortalidade continua a ser muito diferenciada por classes e grupos étnicos.
O Brasil está num patamar bem pior. Mas é precisamente essa razão que permitiria que salvássemos mais vidas com as medidas acertadas. Somente a redução do fumo, do alcoolismo e do consumo de drogas por si só garantiria uma redução substancial em um número de canceres. A educação se correlaciona negativamente com a mortalidade por câncer: as taxas de mortalidade são mais altas entre os menos educados. No Brasil, a baixa educação e a prevenção deficiente são duas importantes dimensões da baixa qualidade de vida. Melhorando as duas faríamos uma contribuição significativa na nobre tarefa de salvar vidas.
GLÁUCIO SOARES IESP-UERJ