É possível que um medicamento dado a diabéticos também ajude pacientes do câncer da próstata. Matéria recém-publicada em Medscape sugere essa possibilidade.
Com base em quê?
Em uma pesquisa pequena, Fase II, com metformin, com 24 pacientes aguardando prostatectomia. Os que receberam metformin tinham uma taxa de crescimento do câncer que era mais baixa. Esses resultados preliminares foram apresentados à American Association for Cancer Research.
É um medicamento conhecido, que está nas farmácias europeias há mais de trinta anos e é receitado nos Estados Unidos há mais de quinze anos... para diabete.
O medicamento reduz a insulina que, em alguns casos, estimula o crescimento de tumores. E pode ter efeitos num pathway (mTOR) que contribui para o mesmo fim.
Os pacientes receberam 500 mg de metformin 3 vezes por dia, durante 41 dias – na mediana – variando entre 18 e 81 dias. Depois, fizeram a cirurgia. Os resultados, preliminares, mostram uma redução de 32% num marcador da proliferação de células. O medicamento teve outros efeitos sobre condições associadas com o câncer, como uma redução no PSA, a razão entre a cintura e os quadris, os níveis de glucose, e o ILGF-1 (insulin-like growth factor-1) que aparece mais alto em vários pacientes.
O benefício? Desacelerou o câncer, mas não impediu o seu crescimento. O medicamento fez com que crescesse mais devagar.
Falta muito até que seja usada para desacelerar o câncer, se chegar lá. Precisam obter fundos, nada pequenos, para uma pesquisa Fase III e a duração dos benefícios só poderá ser observada ao longo do tempo – muito tempo – mas é possível que o metformin venha a ser somado ao arsenal de medicamentos contra este câncer.
GLÁUCIO ARY DILLON SOARES
IESP/UERJ