1. A música e a actividade física aumentam os nossos níveis de adrenalina. Em resposta, o ritmo cardíaco aumenta, ficamos alerta e mais despertos, e começa a haver libertação de ácidos gordos dos adipócitos para a circulação.
2. As nossas endorfinas aumentam, indutores de prazer e de uma sensação momentânea de bem-estar. Mas na verdade, o papel destas endorfinas, agonistas dos receptores de opiatos, é mascarar a dor que possas sentir. Um bypass aos mecanismos de defesa e alerta do nosso organismo. Vamos pensar numa perspectiva evolutiva. Regressas ao passado, e estás numa savana. Encontras um leão esfomeado. Tu corres pela vida e a última coisa que queres é sentir dor que te faça parar. Se for preciso, até com uma perna partida continuas a correr, pois as endorfinas e a adrenalina mascaram a lesão. Garantido que a vais sentir, mas depois.
3. Os níveis de triptofano livre em circulação aumentam. Os aminoácidos de cadeia ramificada em circulação são canalizados para o músculo em esforço, que competem com o triptofano, e os ácidos gordos livres deslocam o triptofano da albumina. Mais triptofano passa a barreira hematoencefálica para o cérebro, onde é precursor da síntese de serotonina. Este neurotransmissor induz bem-estar, potenciado também pela música e todo o ambiente envolvente criado para uma sensação de prazer.
4. A serotonina é um neurotransmissor de relaxamento. Temos aqui um estímulo incongruente. Durante o exercício não queremos estar relaxados, pois não é suposto ele nos dar prazer. Lembrem-se que, de uma perspectiva evolutiva, o exercício é uma necessidade, seja ela fugir ou caçar. A serotonina inibe a condução do impulso nervoso até ao músculo em esforço, pois o objectivo é relaxar. Isto leva a uma menor eficiência contráctil e compensações e inibições musculares, aumentando o risco de lesão.
5. A variedade de inputs simultâneos, visuais e sonoros, e a necessidade de atenção a múltiplos aspectos na aula destabiliza o sistema neuromuscular, e aumenta o risco de fadiga central.
6. A partir de certo ponto, o cortisol sobe com a actividade do eixo simpatoadrenal e redução dos níveis de açúcar no sangue. Dá-se uma estimulação da neoglucogénese hepática, catabolismo muscular. e maior tolerância a um esforço suprafisiológico - resposta fight or flight. O cortisol é produzido para nos ajudar na recuperação sendo um anti-inflamatório endógeno que atenua a actividade do sistema imunitário ao trauma muscular.
7. A aula foi após um dia de trabalho e vais para casa descansar. Os teus níveis de adrenalina começam a baixar, mas o cortisol continua acima do que seria expectável para esta altura do dia. Lembra-te que à noite é quando o deveríamos ter mais baixo. Sentas-te a descansar e a ver TV, ou ao computador ou agarrado ao smartphone, e a luz azul do espectro electromagnético inibe a produção de melatonina pela glândula pineal e impede que os níveis de cortisol baixem - deterioração da qualidade do sono, alteração do biorritmo circadiano, e risco de disfunção adrenal (inversão do padrão do cortisol com aumento ao fim do dia). Na verdade, o que deverias fazer era relaxar sem luz branca ou de um monitor, ou à luz da vela que não emite radiação na zona do azul.