Saúde
Obesidade, o mTOR e a hipertensão arterial
O mTOR é uma proteína central no metabolismo, integrando estímulos nutricionais e hormonais no controlo da síntese proteica, entre outras acções. Entre os factores nutricionais conhecidos, a sua activação pela leucina é o melhor caracterizado. Sendo muito importante no processo de hipertrofia muscular, também o parece ser na patofisiologia da obesidade. Na verdade, níveis circulantes elevados de leucina têm sido associados à obesidade e o excedente energético é um sinal positivo para a actividade do mTOR.
De acordo com um estudo agora divulgado, uma das implicações desta sobre-activação no hipotálamo poderá ser a hipertensão arterial comum na obesidade, via estimulação por parte da leptina. Em estados de obesidade, os níveis de leptina aumentam embora se desenvolva uma certa resistência central à hormona. No entanto, nem todas as vias de sinalização parecem ser inibidas da mesma forma e alguns dos seus efeitos são preservados, nomeadamente a activação do sistema nervoso que leva ao aumento da tensão arterial. O mTOR parece ter um papel central no processo e, na verdade, níveis elevados de leucina foram já associados à pressão arterial em doentes cardiovasculares.
As implicações práticas desta descoberta são obviamente poucas para a maioria de vocês (além do facto de não dar BCAAs a obesos, o que nem sequer faz sentido), mas interessantes para os malucos que se dedicam a estas coisas :) O mTOR pode tornar-se em breve um alvo terapêutico e explicar o efeito positivo que a restrição calórica pode ter. A activação da AMPK, uma proteína inibidora do mTOR, com drogas como a metformina ou fitoquímicos como o resveratrol, podem também desempenhar um papel importante no controlo da hipertensão em obesos.
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Mecanismos na patofisiologia da hipertensão associada à obesidade |
Shannon M. Harlan, Deng-Fu Guo, Donald A. Morgan, Caroline Fernandes-Santos, Kamal Rahmouni.Hypothalamic mTORC1 Signaling Controls Sympathetic Nerve Activity and Arterial Pressure and Mediates Leptin Effects. Cell Metabolism, 2013; 17 (4): 599 DOI: 10.1016/j.cmet.2013.02.017
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