Obesidade faz com que as células adiposas reajam como se estivessem infectadas
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Obesidade faz com que as células adiposas reajam como se estivessem infectadas



A obesidade gera complicações multidimensionais mas que hoje se acredita terem todas elas uma base inflamatória. Longe vai o tempo em que se julgava o tecido adiposo como um mero reservatório de gordura inerte. São células extremamente activas que, numa acção concertada com o sistema imunitário, produzem e segregam uma série de factores inflamatórios para a circulação, factores estes que actuam no organismo de forma sistémica. Mas apesar do consenso que existe neste ponto, o processo responsável pela origem e propagação da inflamação é menos claro e alvo de um grande interesse pela comunidade científica. Uma equipa de investigadores de Saint Louis deu agora um grande contributo nesse sentido. Segundo os resultados dos seus estudos agora publicados na prestigiada Cell Metabolism, as células adiposas reagem à hipertrofia e excesso energético como se estivessem "infectadas".


Estes novos estudos mostram que os adipócitos produzem MHCII (Major Histocompatibility Complex II), uma molécula do sistema imunitário que só era conhecida em células apresentadoras de antigénios (APCs) e linfócitos. Os elevados níveis de leptina provocados pela hipertrofia e excedente energético excitam as células CD4+ a produzir interferão-gama. O INF-gama por sua vez estimula a produção e apresentação do MHCII nos adipócitos. Este MHCII interage com os linfócitos CD4+ levando à sua proliferação e propagação da acção inflamatória. O INF-gama é também importante porque estimula a transdiferenciação de macrófagos M1 em M2 inflamatórios. Estes M2 são os principais responsáveis pela inflamação que se verifica no tecido adiposo em estados de obesidade.



Claro que para o indivíduo comum isto não tem grande interesse e muito menos aplicação prática. Mas para quem estuda o fenómeno da obesidade é o colmatar de uma lacuna importante no seu processo patofisiológico. Além disso, estas descobertas poderão levar ao desenvolvimento de novas terapias que permitam atenuar o processo inflamatório enquanto a obesidade é tratada. Com dieta e exercício.

Referência




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