Podemos reduzir o risco de ter câncer da próstata?
Saúde

Podemos reduzir o risco de ter câncer da próstata?


Afinal, quais são os fatores que aumentam o risco de um homem vir a ter câncer da próstata? Abaixo, trocado em miúdos, está o que a American Cancer Society tem a dizer:

Primeiro, alguns dos fatores que aumentam o risco de ter câncer da próstata e outros que o diminuem podem ser alterados; outros, como a etnia ou a existência deste tipo de câncer em familiares não pode.

Fator de risco é um conceito probabilístico. É possível ter todos e não ter câncer; assim como é possível não ter nenhum e ter câncer. Esses são casos extremos. Para o grosso das pessoas, vale a norma simplificada de que quanto mais fatores de risco, mais alta a probabilidade de ter, ou vir a ter, câncer da próstata.

A idade é um dos fatores mais conhecidos, a respeito do qual não podemos fazer nada – falando da idade cronológica. Seis em cada dez casos são diagnosticados em idosos, com mais de 65 anos. Raramente encontramos casos em homens com quarenta anos ou menos. Mas a idade cronológica é uma coisa, e a idade biológica é outra. Pessoas com a mesma idade cronológica podem ter idades biológicas muito diferentes. E há fatores, como dieta adequada, sono regular, exercícios regulares (se possível, e aconselhados pelo médico, intensos) e o controle do estresse estão relacionados com a idade biológica.

Raça, etnia e nacionalidade sugerem interações entre genética e cultura. Nos Estados Unidos, o câncer da próstata é mais frequente entre negros do que entre os demais grupos étnicos e raciais. Porém, a influência genética interage com outras e é difícil saber, por exemplo, porque os japoneses no Japão tem incidência e prevalência mais baixas: a dieta é muito melhor por tudo o que sabemos. Que a dieta conta, sabemos com dados de homens de origem japonesa que vivem nos Estados Unidos: o câncer aumenta na medida em que adotam uma dieta “americanizada”.

Há mais diferenças entre países: a dieta é apenas uma. Tomando, apenas, os que dispõem de estatísticas confiáveis, incidência e prevalência são mais altas nos Estados Unidos e Canadá, no noroeste da Europa, na Austrália. São mais baixas na Ásia e em países com estatísticas menos confiáveis, localizados na América do Sul, na América Central e na África.

 

Não há muito que possamos fazer nas famílias com histórico de câncer da próstata. Porém, as famílias não diferem entre si somente na genética: diferem, também, no que concerne o estilo de vida, a dieta, a ênfase em exercícios e mais. Nada podemos fazer (ainda) no que concerne a genética, mas podemos mudar um estilo de vida pouco saudável. O que o histórico familiar faz é aumentar o nível do alerta. O risco de quem tem um pai ou irmão com este câncer é mais do dobro do risco de quem não tem. Se forem muitos os parentes com esse câncer, o risco aumenta ainda mais. Não termina aí: se o câncer foi diagnosticado quando os parentes eram relativamente jovens, o risco aumenta.

Já foram identificados vários genes associados positivamente com o risco e outros negativamente. Ainda não há teste genético disponível. Sabemos que mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2 contribuem para explicar porque os canceres da mama e dos ovários são muito mais frequentes em algumas famílias.  Não obstante, o peso da genética no câncer da próstata parece ser mais limitado, mas essa é área pouco conhecida.

E a dieta? Mudar a dieta está no nosso alcance. Homens que comem muita carne vermelha ou produtos derivados do leite têm um risco mais elevado, assim como os que comem menos frutas e vegetais. Mas os caminhos seguidos por essas associações ainda não são bem conhecidos.

O que podemos mudar? O principal, que mais reduz a esperança de vida, muito relacionado com canceres diferentes e doenças cardiovasculares é o fumo. Toneladas de pesquisas demonstraram isso.

Mas, especificamente, o câncer da próstata? E o risco de morrer deste câncer?

Algumas pesquisas sugerem que fumar aumenta o risco de morrer deste câncer. Os caminhos que aumentam esse risco não são conhecidos, porque há vários aspectos do funcionamento do corpo humano que são afetados pelo fumo e que podem alterar o risco de ter e de morrer de um câncer. O caso que mais se destaca é o câncer do pulmão.

A obesidade se relaciona com vários canceres e outras disfunções. Os caminhos desta relação – com o câncer da próstata – não estão mapeados. Algumas pesquisas sugerem que o risco de ter um câncer mais agressivo é maior, mas a de ter um câncer menos agressivo é menor. É possível, mas não demonstrado, que a obesidade contribua para a transformação de alguns canceres menos agressivos em canceres mais agressivos.

Algumas ocupações, como a de bombeiro, aumentam a exposição a substâncias carcinogênicas. Alguns dados sugerem que há algumas ocupações que aumentam o risco, dependendo da exposição a essas substâncias.

Inflamação da próstata. Nos últimos anos, foram descobertas as conexões entre as  inflamações e muitas doenças, inclusive cardiovasculares e canceres. A prostatite (inflamação da próstata) pode estar ligada ao câncer da próstata, mas nem todas as pesquisas confirmaram essa associação.    

Doenças venéreas, sexualmente transmissíveis (como gonorreia ou clamídia). Há suspeita de que podem contribuir porque aumentam o risco de inflamação da próstata, mas faltam pesquisas.

A vasectomia altera o risco de desenvolver um câncer da próstata? Os dados não são coerentes. Algumas pesquisas sugerem que uma vasectomia em pessoas jovens (35 anos ou menos) aumenta ligeiramente o risco de ter um câncer da próstata. Os caminhos dessa relação não são claros e a própria relação não está confirmada. É uma suspeita baseada em alguns dados. A ACS sugere que, a partir do conhecimento que temos, que o medo de aumentar o risco do câncer da próstata não deve impedir alguém que tenha boas razões para fazer essa cirurgia.

Como vemos, há bastante que podemos fazer para reduzir o risco de ter esse câncer, mas ainda falta muito para que conheçamos o suficiente para que possamos reduzir um risco muito alto para o nível de um risco muito baixo. Façamos o que podemos...

 

 

GLÁUCIO SOARES         IESP/UERJ`

 

 

Saiba mais: para obter informações básicas sobre o câncer da próstata (e os outros canceres também) busque em

 

www.cancer.org

 

 




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