Saúde
Probioticos , trato digestivo, microbiota intestinal e disbiose intestinal
Informações extraídas do site do Evento: In gut we trust
ProbióticosSegundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o probiótico deve contribuir para o equilíbrio da flora intestinal1. A FAO/WHO (Food and Agriculture Organization/World Health Organization) define que os probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro2.
Os benefícios dos probióticos começaram a serem estudados em 1908, pelo microbiologista russo Elie Metchnikoff, que comprovou que bactérias lácticas ofereciam benefícios à saúde dos humanos, podendo promover a longevidade3. Desde então, muitos estudos vem sendo realizados e alguns mecanismos já estão bem descritos, como por exemplo: Funções protetoras: deslocamento de patógenos, competição pelo nutriente e produção de fatores antimicrobianos. Funções metabólicas: diferenciação de células epiteliais intestinais, metabolização de carcinógenos, síntese de vitaminas e fermentação de fibras dietéticas Funções estruturais: fortificação da barreira intestinal, desenvolvimento do sistema imune e indução de IgA3
Nesse sentido, as pesquisas científicas têm encontrado que os probióticos podem melhorar ou prevenir doenças, incluindo doenças gastrointestinais, como constipação e diarreia, além de melhorarem a imunidade e alguns casos de alergia4,5. No caso da imunidade, já foi comprovado que os probióticos podem ativar macrófagos locais para que estes aumentem a apresentação de antígeno aos linfócitos, além de aumentarem a secreção de imunoglobulina A (IgA). Adicionalmente, algumas cepas específicas podem modular o perfil de citocinas impedindo uma inflamação relacionada a uma alergia alimentar6.
Os benefícios dos probióticos variam de acordo com o gênero, a espécie e a cepa (subespécie) de cada bactéria7. Com exemplo, o probiótico Bifidobacterium (gênero) animalis (espécie) DN 173 010 (cepa) apresenta diversos efeitos na melhora da constipação intestinal8, enquanto que o probiótico Lactobacillus (gênero) casei (espécie) DN-114 001(cepa) apresenta propriedades imunomodulatórias9.
Referências:
1. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientexs, Substâncias Bioativas e Probióticos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm Acessado em 7/05/2012.
2. Probiotics in food : health and nutritional properties and guidelines for evaluation: Report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation on Evaluation of Health and Nutritional Properties of Probiotics in Food including Powder Milk with Live Lactic Acid Bacteria, Cordoba, Argentina, 1-4 October 2001 [and] Report of a Joint FAO/WHO Working Group on Drafting Guidelines for the Evaluation of Probiotics in Food, London, Ontario, Canada, 30 April -1 May 2002.
3. O'Hara AM, Shanahan F. The gut flora as a forgotten organ. EMBO Rep. 2006 Jul;7(7):688-93.
4. Ritchie ML, Romanuk TN. A meta-analysis of probiotic efficacy for gastrointestinal diseases. PLoS One. 2012;7(4):e34938. Epub 2012 Apr 18.
5. de Morais MB, Jacob CM. The role of probiotics and prebiotics in pediatric practice. J Pediatr (Rio J). 2006;82(5 Suppl):S189-97.
6. World Gastroenterology Organisation Practice Guideline. Probiotics and prebiotics. May 2008. Disponível em: http://www.worldgastroenterology.org/assets/downloads/en/pdf/guidelines/19_probiotics_prebiotics.pdf. Acessado em 7/05/2012. 7. Adolfsson O, Meydani SN, Russell RM. Yogurt and gut function. Am J Clin Nutr. 2004 Aug;80(2):245-56
8. De Paula JA, Carmuega E, Weill R. Effect of the ingestion of a symbiotic yogurt on the bowel habits of women with functional constipation. Acta Gastroenterol Latinoam. 2008 Mar;38(1):16-25.
9. Giovannini M, et.al. A randomized prospective double blind controlled trial on effects of long-term consumption of fermented milk containing Lactobacillus casei in pre-school children with allergic asthma and/or rhinitis. Pediatr Res. 2007 Aug;62(2):215-20.
Microbiota Na população adulta a microflora intestinal tende a permanecer estável, porém, diversos fatores podem alterar este equilíbrio como a alimentação, o meio ambiente, idade, tratamentos com antibióticos, anti-ácidos e imunossupressores, estresse, infecções intestinais entre outros. A alteração da flora intestinal, com depleção das bactérias benéficas e maior concentração das potencialmente patogênicas, pode levar a desordens gastrintestinais, gastroenterites, atopia, doença inflamatória intestinal e outras disfunções.
Ter uma flora intestinal estável e bem equilibrada é um dos fatores para se garantir boa saúde, portanto, a introdução de espécies bacterianas benéficas no trato gastrintestinal pode ser uma opção dietética atrativa para restabelecer o equilíbrio microbiano e prevenir doenças.
Probióticos são microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. A incorporação de alimentos probióticos no cardápio visa estimular o crescimento de microrganismos benéficos com conseqüente melhoria da saúde de modo geral. Diversos benefícios nutricionais e fisiológicos têm sido atribuídos aos probióticos, entre eles redução de tempo de trânsito intestinal.
Cada cepa de bactéria probiótica pode ter efeito específico e diferente sobre o hospedeiro, assim como a matriz à qual é adicionada pode ser fundamental na sobrevivência da bactéria. Portanto, a comprovação científica com estudos clínicos dos alimentos contendo probióticos é de extrema importância.
O intestino vem sendo considerado o órgão mais importante relacionado com o sistema imune (cerca de 70% das células de defesa residem no intestino), além de apresentar a maior área de superfície em contato com os antígenos do ambiente externo1,2.
A IBS é caracterizada por uma desordem na motilidade do cólon. O movimento normal do bolo alimentar é prejudicado ocasionando acúmulo de muco e toxinas no intestino. Este acúmulo faz com que o trato digestivo seja parcialmente obstruído pelo armazenamento de gases e fezes (THEOPHILO, 2008). Por consequência, há o aparecimento de sintomas como desconforto ou dor abdominal, sensação de distensão abdominal ou flatulência, constipação ou diarreia, ou a alternância entre estas duas condições (QUILICI, 1999).
Os probióticos podem, por exemplo, aumentar a secreção de imunoglobulina A (Ig A) produzida pelos linfócitos B, o que limitará a colonização epitelial por bactérias patogênicas; estimular a atividade fagocítica de macrófagos, podendo exercer uma ação sistêmica ao organismo humano; aumentar a atividade das células exterminadoras ou natural killer, dentre outras ações4.
Ainda, os probióticos também podem modular a ação de células dendríticas, células encontradas em todo o epitélio intestinal, em um estado imaturo e que são ativadas quando expostas às moléculas específicas de bactérias patogênicas. Através dessas células o sistema imune distingue as bactérias benéficas das patogênicas, pois as células enviam sinais diferenciados para células especializadas (como células T helper ou T regulatórias), dependendo do tipo de bactéria2. Assim, a modulação do sistema imune é um dos efeitos benéficos dos probióticos sobre a saúde humana3.
Referências:
1. Vighi G, Marcucci F, Sensi L, Di Cara G, Frati F. Allergy and the gastrointestinal system. Clin Exp Immunol. 2008 Sep;153 Suppl 1:3-6.
2. Sekirov I, Russell SL, Antunes LC, Finlay BB. Gut microbiota in health and disease. Physiol Rev. 2010 Jul;90(3):859-904.
3. Delcenserie V, Martel D, Lamoureux M, Amiot J, Boutin Y, Roy D. Immunomodulatory effects of probiotics in the intestinal tract. Curr Issues Mol Biol. 2008;10(1-2):37-54.
4. Ohland CL, Macnaughton WK. Probiotic bacteria and intestinal epithelial barrier function. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol. 2010;298(6):G807-19.
Funções da microbiotaO trato metabolicamente ativo (ANTUNES, 2007) que, quando saudável, permite que o organismo atue normalmente na conservação e promoção da saúde e bem-estar, especialmente dos órgãos que compõem este sistema (SAAD, 2006).gastrintestinal (TGI) humano é um microecossistema diversificado
As bactérias são encontradas em todo TGI, sendo o cólon intestinal o órgão mais habitado por estes microrganismos, com populações de até 1012 bactérias por grama de conteúdo luminal. As características que possibilitam esse crescimento bacteriano são a ausência de secreções intestinais, o peristaltismo lento e o abundante suprimento nutricional (BRANDT,2006).
A microbiota intestinal possui função antibacteriana e metabólica (BRANDT, 2006), além de ser imunoestimulante (COPOLLA, 2004), limitando o acesso de substâncias nocivas ao organismo. Esta barreira imunológica intestinal está integrada por diversos elementos como enzimas digestivas pancreáticas, o epitélio intestinal e as bactérias que constituem a microbiota, sendo que a barreira mais efetiva é constituída pelo tecido linfóide associado ao intestino (GALT-gutassociated lymphoid tissue) (RAMIRO-PUIG, 2008).
Os probióticos são utilizados para corrigir as propriedades da microbiota desbalanceada com intuito de maximizar as funções fisiológicas dos indivíduos de modo a assegurar seu bem-estar e saúde (SAAD, 2006), além de apresentarem efeito imunoestimulante (COPOLLA, 2004).
Em 2003, Borruel et al. realizaram um estudo in vitro com tecidos humanos inflamados e não inflamados. Com os resultados deste estudo, perceberam que o L. casei defensis foi capaz de reduzir a secreção de citocina pró-inflamatória e a liberação espontânea de TNF-α, IL-8 e IL-10 (substâncias envolvidas no processo inflamatório) pela mucosa (BORRUEL et. al., 2003), o que evidencia a contribuição dos probióticos para o fortalecimento do sistema imune.
Referências:
Antunes AEC, Silva ERA, Marasca ETG, Moreno I, Lerayer ALS. Probióticos: agentes promotores de saúde. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., 2007; 32(3):103-122.
Coppola MM, Turnes CG. Probióticos e resposta imune. Ciência Rural, 2004; 34(4):1297-1303.
Borruel N et al. Effect on non pathogenic bacteria on cytokine secretion by human colonic mucosa. Am J Gastro, 2003; 98:865-870.
Brandt KG, Sampaio MMSC, Miuki CJ. Importância da microflora intestinal. Pediatria, 2006; 28(2):117-27.
Ramiro-Puig E, Pérez-Cano FJ, Castellote C, Franch A, Castell M. El intestino: pieza clave del sistema inmunitario. Rev Esp Enferm Dig, 2008; 100: 29-34.
Saad SMI. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 2006; 42(1):1-16.
Disbiose intestinal1. O que é disbiose intestinal?
R: a. É o desequilíbrio da microbiota intestinal que permite o crescimento de micro-organismos patogênicos.
2. A disbiose intestinal tem associação com a obesidade?
R: b. Sim, existe associação entre alteração da microbiota e modificação da regulação da homeostase energética no hospedeiro, em parte associada à obesidade.
3. Quais são as principais consequências conhecidas da disbiose?
R: a. Doenças inflamatórias intestinais, alergias e obesidade
Texto explicativo:
A disbiose é o desequilíbrio da homeostase da mucosa intestinal que pode desencadear efeitos nocivos devido às mudanças qualitativas e quantitativas da microbiota intestinal. Esse desequilíbrio pode ser associado à maior frequência de diversas doenças inflamatórias, alergias e, mais recentemente, tem sido relacionado com a obesidade1.
Estudos sugerem que a microbiota intestinal alterada pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da obesidade e síndrome metabólica por alterar a absorção dos nutrientes e a distribuição de energia2. Os mecanismos que envolvem a microbiota intestinal e as desordens metabólicas ainda não estão totalmente esclarecidos, mas estudos experimentais já conseguem identificar diferenças significativas em relação à qualidade e quantidade da composição da microbiota intestinal entre animais magros e obesos3.
Portanto, sugere-se que a disbiose possa levar ao mau funcionamento do sistema imune, devido à falta de bactérias benéficas e um aumento dos fatores de virulência, o que poderia deixar o hospedeiro susceptível à inflamação. A disbiose pode ocorrer através do consumo dietas desequilibradas, bem como por fatores genéticos do hospedeiro, colonização bacteriana materna e uso crônico de antibióticos4.
Saiba mais sobre o assunto no simpósio sobre o assunto que acontecerá no V Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer, Ganepão 2012 e III International Conference os Nutritional Oncology (ICNO)!
Referências:
1. Sekirov I, Russell SL, Antunes LC, Finlay BB. Gut microbiota in health and disease. Physiol Rev. 2010 Jul;90(3):859-904.
2. Hakansson A, Molin G. Gut microbiota and inflammation. Nutrients. 2011;3(6):637-82.
3. Scarpellini E, Campanale M, Leone D, Purchiaroni F, Vitale G, Lauritano EC, Gasbarrini A. Gut microbiota and obesity. Intern Emerg Med. 2010;5 Suppl 1:S53-6.
4. Bron PA, van Baarlen P, Kleerebezem M. Emerging molecular insights into the interaction between probiotics and the host intestinal mucosa. Nat Rev Microbiol. 2011;10(1):66-78.
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