A mulher na foto se chama Diane Wishart, uma escocesa com um câncer de mama muito raro, que não é curável. Tem pouco tempo de vida. A única aspiração de Diane é passar algum tempo a mais com as duas filhinhas, Eve, de nove anos, e Rose, de seis.Diane, 39, faz químio, que é o único tratamento bancado inteiramente pelo NHS, a Previdência da Escócia. Diane sabe que há outros remédios que não curarão o câncer, mas que lhe darão mais alguns meses de vida. um deles se chama Avastin, que custa perto de R$ 200.000,00 por ano. Deverá esticar a vida dela uns meses quando o efeito da químio cessar. Porém, o NHS só paga por medicamentos aprovados pelo
Scottish Medicines Consortium, que regula os medicamentos no país. A aspiração da Diane virou polêmica no país.
Parte da população parece pensar que a Escócia deve usar o dinheiro dos impostos para esticar a vida de Diane, literalmente, a qualquer custo, ao passo que outra parte afirma que esses recursos salvarão muitas vidas a mais se usados para combater outras doenças curáveis com remédios menos custosos. No Brasil, Constituição considera a saúde como direito de todos e dever do Estado e pronto. Os críticos mostram que esse ítem custa muito, muito caro, obrigando o Estado a transferir recursos do atendimento a um número muitíssimo maior de pessoas. De fato, como os brasileiros pobres e com baixa instrução não têm acesso a esse tipo de informação nem aos advogados que forçam o Estado a pagar pelos remédios, a saúde não é um direito de todos e esse recurso acaba sendo usado de maneira desproporcional pela classe média.
O que é correto?
Evidente que, como canceroso, eu vejo bom bons olhos que o Estado pague a conta de meu tratamento ainda que, como o de Diane, meu câncer seja incurável. Porém, a mistura dos bons olhos com a necessidade pessoal não me conduzem à cegueira e tenho, sim, plena consciência de que a qüestão é polêmica e de que não há respostas fáceis.
E o leitor, o que acha?
Abaixo, Diane e sua família: